sexta-feira, 10 de junho de 2011

Humanização das práticas do profissional de saúde - contribuições para reflexão

O conceito de humanização das práticas e da atenção à saúde está na pauta de discussões mundo afora há várias décadas e, nos últimos anos, vem ganhando destaque na literatura científica nacional, principalmente nas publicações ligadas à saúde coletiva.Durante os séculos XIX e XX, muitos avanços tecnológicos passaram a ser aplicados na área da saúde, em todos os níveis de atenção, seja na prevenção, no controle de comorbidades (progresso da doença) ou na reabilitação.Associado ao desenvolvimento tecnológico que experimentamos neste período, a doença vem sendo comumente interpretada pela concepção biomédica como um desvio de variáveis biológicas em relação à norma. Este modelo considera os fenômenos complexos como constituídos por princípios simples, isto é, relação de causa-efeito, distinção cartesiana entre mente e corpo, análise do corpo como máquina, minimizando os aspectos sociais, psicológicos e comportamentais. Associado ao desenvolvimento tecnológico que experimentamos neste período, a doença vem sendo comumente interpretada pela concepção biomédica como um desvio de variáveis biológicas em relação à norma. Este modelo considera os fenômenos complexos como constituídos por princípios simples, isto é, relação de causa-efeito, distinção cartesiana entre mente e corpo, análise do corpo como máquina, minimizando os aspectos sociais, psicológicos e comportamentais.Por outro lado, há diversas discussões acerca das possibilidades de acesso dos sujeitos a essas tecnologias, seu custo para o sistema de saúde e a impossibilidade de que o progresso tecnológico elimine as demandas decorrentes da necessidade de contato direto entre pacientes e profissionais da área da saúde. Essas últimas, necessariamente perpassando pelo estabelecimento de relações de confiança, respeito e reciprocidade são reflexões que devem permear as práticas de atenção à saúde.

sábado, 4 de junho de 2011

UM OLHAR SOBRE A HUMANIZAÇÃO

A doença é um estado que acomete a todos nós seres humanos, cujo tratamento, na maioria das vezes, precisa de cuidados especiais, tais como: cirurgias, internações hospitalares e tratamento ambulatórial prolongado. Daí a necessidade de se ver esse estado como transitório e passivo de cura. Para que se obtenha êxito no tratamento devemos levar em consideração, além do estado físico do paciente, o estado psicológico, este sim tem função importante na recuperação do mesmo. Mas, para que isso aconteça, devemos pôr em prática, normas estabelecidas sob formas de leis as quais definem direitos e deveres. Na verdade, nem sempre acontece o cumprimento do direito, a exemplo do atendimento à saúde médico-hospitalar. A falta de humanização no trato de pacientes é uma constatação dos que precisam dos serviços de saúde. Ressaltamos que humanizar significa paternizar, pois entendemos que a humanização diz respeito ao resgate de espaço de comunicação no interior das instituições, visando redimensionar práticas que considerem os aspectos subjetivos, históricos e sócio-culturais do paciente. O relacionamento médico-paciente, na maioria dos casos é frio e orientado por técnicas e decisões individuais dos médicos, em que o paciente, que é o principal envolvido, não opta e apenas se entrega a uma busca de solução, sem sequer ter idéia dos riscos que correm. É isso que estamos tentando, com esse desabafo, contribuir para uma reflexão sobre a humanização na área de saúde, cujo atendimento deve ser garantido e, além disso, desempenhado pelo corpo funcional do hospital ou clínica, buscando a satisfação do atendimento ágil e seguro.
              Os profissionais de saúde precisam entender que sua formação não é só para diagnosticar, precisa acima de tudo respeitar os valores de seus pacientes, suas crenças e sua fé. Enquanto algumas leis garantem um atendimento mais humanizado, outras restringem as vagas na UTI, sob a alegação de uma melhoria no atendimento, porém, ao nosso ver ao pretenderem diminuir os gastos hospitalares. Na realidade, o ideal seria aumentar o corpo clínico, dando condições para sua permanente atualização, visando um atendimento eficaz aos que procuram os serviços de saúde neste país. Segundo Mário Quintano: "O que mata um jardim não é só o abandono, mas esse olhar vazio de quem passa por ele indiferente". Para que isso não aconteça, fazem-se neccessárias mudanças em seus modelos de atendimento, de atenção e de gestão dos processos de trabalho em saúde. Deve ter valorização de dimensão subjetiva e social em toda sua prática. Sua principal busca deve ser de compromisso com a excelência no atendimento, e valorização dos profissionais, com isso, as filas e o tempo de espera será reduzidos e teremos um atendimento levando-se em conta os critérios de risco. Aqui se encontra: desafios, batalhas e esperança, de um dia podermos desfrutar da humanização que está presente em cada um de nós. A ausência de recursos nos serviços de saúde é grave, no entanto a falta de humanização no atendimento compromete a qualidade do serviço prestado.


HUMANIZAÇÃO DO ATENDIMENTO NA UTI



O conceito de UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) surgiu durante a Segunda Guerra Mundial, quando se concluiu que era mais seguro isolar pacientes em estado grave numa sala especial. Desde então, a UTI tem sido vista como um local de esperança, mas principalmente de angústia e sofrimento, tanto para pacientes quanto para familiares. A partir de 1995, começou um movimento que se tornou conhecido como humanização do atendimento na UTI. Os envolvidos na interdisciplinaridade das UTI’s passaram a refletir profundamente sobre o assunto, procurando saber por que, apesar de todos os esforços, a imagem da UTI como local de isolamento e angústia não deixava de ser, parcialmente, uma realidade. Esse foi certamente um momento decisivo, pois levou todos os intensivistas a uma reação em forma de ações, estudos e reflexões para tornar essas unidades menos estressantes e impessoais e mais aconchegantes e voltadas para as necessidades individualizadas dos pacientes. O principal objetivo da humanização é gerar satisfação ao cliente interno e externo, implementando o conceito``cuidar do outro como você gostaria de ser cuidado``, criando um ambiente menos hostil - o que ajuda o paciente a diminuir o nível de estresse e, conseqüentemente, se recuperar mais rápido.
As normas não permitem que os familiares fiquem junto ao paciente e o distanciamento dos entes queridos acaba sendo um dos maiores problemas enfrentados pelos que estão internados na UTI. O conceito de humanização busca resgatar o valor da proximidade com o paciente, evitando que o alto desenvolvimento tecnológico na medicina coloque o relacionamento e o calor humano em segundo plano. A humanização renasce para valorizar as características do gênero humano. É imprescindível no processo de humanização uma equipe consciente dos desafios a serem enfrentados e dos limites a serem transpostos.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

HUMANIZAÇÃO DO ENFERMEIRO NO CENTRO CIRURGICO

A enfermagem é uma profissão que se desenvolveu através dos séculos, mantendo uma estreita relação com a história da civilização. Neste contexto, tem um papel preponderante por ser uma profissão que busca promover o bem estar do ser humano, considerando sua liberdade, unicidade e dignidade, atuando na promoção da saúde, prevenção de enfermidades, no transcurso de doenças e agravos, nas incapacidades e no processo de morrer.
Ao longo de mais de duas décadas atuando na enfermagem, percebemos que a prática mecanizada e as decisões unilaterais é que têm prevalecido nas instituições de saúde e em particular em ambientes como Centro Cirúrgico. O centro cirúrgico é um "setor do hospital onde se realizam intervenções cirúrgicas, visando atender a resolução de intercorrências cirúrgicas, por meio da ação de uma equipe integrada" (RIBEIRO; SOUZA 1997 p. 09). A conduta impessoal dos profissionais que atuam no centro cirúrgico pode ser decorrência da grande demanda por serviços, cujos clientes não raras vezes se encontram em situação eminente de morte. Esses fatores, sem dúvida, geram estresse, desgaste físico e psicológico tanto para a família do paciente como para a enfermagem, o que reduz as interações. Na amplitude de sua assistência, a enfermagem, assim como as demais profissões de saúde, se subdividem em várias áreas, neste momento, voltamos nossa atenção à humanização da assistência de enfermagem em centro cirúrgico. Até alguns anos atrás a função do enfermeiro na unidade de centro cirúrgico era dirigida para os aspectos gerenciais, o que o afastava do contato com o paciente e seus familiares, mas com algumas modificações na sistematização da assistência, o enfermeiro de centro cirúrgico sentiu a necessidade de prestar assistência mais direta ao paciente e seus familiares em todas as etapas do processo cirúrgico, destacando a importância desta para o sucesso do tratamento e o pronto restabelecimento do paciente. VILA & ROSSI (2002, p.17) referem que:
"Humanização deve fazer parte da filosofia de enfermagem. O ambiente físico, os recursos materiais e tecnológicos não são mais significativos do que a essência humana. Esta sim irá conduzir o pensamento e as ações da equipe de enfermagem, principalmente do enfermeiro, tornando-o capaz de criticar e construir uma realidade mais humana (...)".
Não é apenas uma questão de mudança do espaço físico, mas principalmente uma mudança nas ações e comportamento dos profissionais frente ao paciente e seus familiares. A temática humanização do atendimento em saúde mostra-se relevante no contexto atual, uma vez que a constituição de um atendimento calcado em princípios como a integralidade da assistência, a eqüidade, a participação social do usuário, dentre outros, demanda a revisão das práticas cotidianas, com ênfase na criação de espaços de trabalho menos alienantes que valorizem a dignidade do trabalhador e do usuário

sexta-feira, 27 de maio de 2011

A HUMANIZAÇÃO HOSPITALAR COMO EXPRESSÃO DA ÉTICA




A prática dos profissionais de saúde, no âmbito hospitalar, vem desumanizando-se frente à atenção à doença, e não ao ser doente, à complexificação tecnológica crescente associada ao crescimento de custos. Aética requer a implementação de um processo reflexivo acerca dos princípios, valores, direitos e deveres que regem a prática dos profissionais de saúde, inserindo-se, aí, a dimensão de um cuidado entendido como humanizado. Assim, o presente artigo tem por objetivo refletir acerca de considerações éticas que necessitam fundamentar as ações de humanização, destacando a importância da dimensão humana nas relações profissionais. Em virtude do acelerado processo técnico e científico no contexto da saúde, a dignidade da pessoa humana, com freqüência, parece ser relegada a um segundo plano. A doença, muitas vezes, passou a ser o objeto do saber reconhecido cientificamente, desarticulada do ser que a abriga e no qual ela se desenvolve. Também, os profissionais da área da saúde parecem gradativamente desumanizar-se, favorecendo a desumanização de sua prática. Desse modo, a ética, por enfatizar os valores, os deveres e direitos, o modo como os sujeitos se conduzem nas relações, constitui-se numa dimensão fundamental para a humanização hospitalar.


A humanização, então, requer um processo reflexivo acerca dos valores e princípios que norteiam a prática profissional, pressupondo, além de um tratamento e cuidado digno, solidário e acolhedor por parte dos profissionais da saúde ao seu principal objeto de trabalho – o doente/ser fragilizado –, uma nova postura ética que permeie todas as atividades profissionais e processos de trabalho institucionais. Nessa perspectiva, diversos profissionais, diante dos dilemas éticos decorrentes, demonstram estar cada vez mais à procura de respostas que lhes assegurem a dimensão humana das relações profissionais, principalmente as associadas à autonomia, à justiça e à necessidade de respeito à dignidade da pessoa humana.



Backes DS, Lunardi VL, Lunardi WDFilho. A humanização hospitalar como expressão da ética. Rev Latino-am Enfermagem 2006 janeiro-fevereiro; 14(1):132-5.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

A HUMANIZAÇÃO EM ATENDIMENTO PEDIÁTRICO - BRINCAR EM ATENDIMENTO PEDIÁTRICO: APLICAÇÕES E PERSPECTIVAS

A influência da humanização em crianças internadas em unidades pediátricas, estabelece correlações entre o comportamento lúdico e a estruturação do ambiente hospitalar. Estudos vem mostrando que o incentivo dessa atividade vem tornando o ambiente hospitalar mais descontraído, assim quebrando aquele clima triste, pois alguns estudos também observam que o psicológico afeta de forma agravante diferentes patologias clinicas.
            Na hospitalização, muitas vezes, a criança convive com o risco de morte e com restrições devido ao seu quadro clínico; no entanto, o sofrimento e as possíveis seqüelas causadas por uma internação podem ser minimizados quando se oferece um ambiente estruturado especificamente para favorecer o desenvolvimento das crianças. Esse tipo de ambiente deve contemplar uma equipe de profissionais especializados e conscientes das necessidades globais destes pequenos pacientes (Mitre & Gomes, 2004; Soares, & Zamberlan, 2003).
Dentro dessa conjuntura, os Doutores da Alegria vem ganhando espaço, uma vez que, mesmo doente, a criança sente necessidade de brincar. É por intermédio dessa ação que ela poderá aproveitar os recursos físicos e emocionais disponíveis naquele contexto específico para elaborar uma nova situação (Mello & cols., 1999). Por meio da brincadeira a criança recria regras, deixa a imaginação e os sentimentos livres, e, como resultado, é capaz de expressar experiências desagradáveis, atingindo um senso de controle sobre os eventos ocorridos e aprimorando sua auto-estima. O lúdico também auxilia na revelação de sentimentos e pensamentos através de comportamentos expressos. Uma criança que é capaz de expressar e interpretar seus sentimentos negativos com sucesso, verbalmente ou não, irá mostrar menor impacto psicológico negativo resultante da doença e da internação (Hart, Mather, Slack & Powell, 1992).
O recurso dessa Terapia no contexto hospitalar vêm mostrar o processo de recuperar a capacidade de adaptação da criança, serve como proteção para uma fragilidade que ela sofre quando se encontra em alguma patologia. Mesmo doente a criança sente vontade de brincar, reduzindo assim a tensão, raiva, frustração e ansiedade.  
O brincar pode servir também como elo entre a criança e os profissionais de saúde, enfocando não apenas a atividade desenvolvida, mas o tipo de relação estabelecida. Lindquist (1993) atenta para a necessidade de uma equipe profissional bem formada, coesa, que compreenda a importância das atividades lúdicas para crianças e adolescentes hospitalizados. Concomitantemente, o lúdico exerce efeitos terapêuticos sobre os pais, pois proporciona uma oportunidade de reorganização e de descanso. Nesse sentido, mesmo que estejam ativamente brincando com seus filhos, eles deslocam por algum tempo o foco do seu pensamento para algo além da doença. Adicionalmente, os pais se sentem confortados quando vêem suas crianças doentes participando de uma brincadeira, esquecendo por um tempo os efeitos negativos gerados pela hospitalização. Além disso, muitos deles gostam de brincar com suas crianças e entendem o brincar como um momento para se divertirem juntos e, o mais importante, para se sentirem um pouco aliviados. Essa outra face do brincar no hospital possibilita uma melhor interação entre pais e filhos diante da situação que estão enfrentando, ajudando-os a lidar melhor com a internação.