sexta-feira, 27 de maio de 2011

A HUMANIZAÇÃO HOSPITALAR COMO EXPRESSÃO DA ÉTICA




A prática dos profissionais de saúde, no âmbito hospitalar, vem desumanizando-se frente à atenção à doença, e não ao ser doente, à complexificação tecnológica crescente associada ao crescimento de custos. Aética requer a implementação de um processo reflexivo acerca dos princípios, valores, direitos e deveres que regem a prática dos profissionais de saúde, inserindo-se, aí, a dimensão de um cuidado entendido como humanizado. Assim, o presente artigo tem por objetivo refletir acerca de considerações éticas que necessitam fundamentar as ações de humanização, destacando a importância da dimensão humana nas relações profissionais. Em virtude do acelerado processo técnico e científico no contexto da saúde, a dignidade da pessoa humana, com freqüência, parece ser relegada a um segundo plano. A doença, muitas vezes, passou a ser o objeto do saber reconhecido cientificamente, desarticulada do ser que a abriga e no qual ela se desenvolve. Também, os profissionais da área da saúde parecem gradativamente desumanizar-se, favorecendo a desumanização de sua prática. Desse modo, a ética, por enfatizar os valores, os deveres e direitos, o modo como os sujeitos se conduzem nas relações, constitui-se numa dimensão fundamental para a humanização hospitalar.


A humanização, então, requer um processo reflexivo acerca dos valores e princípios que norteiam a prática profissional, pressupondo, além de um tratamento e cuidado digno, solidário e acolhedor por parte dos profissionais da saúde ao seu principal objeto de trabalho – o doente/ser fragilizado –, uma nova postura ética que permeie todas as atividades profissionais e processos de trabalho institucionais. Nessa perspectiva, diversos profissionais, diante dos dilemas éticos decorrentes, demonstram estar cada vez mais à procura de respostas que lhes assegurem a dimensão humana das relações profissionais, principalmente as associadas à autonomia, à justiça e à necessidade de respeito à dignidade da pessoa humana.



Backes DS, Lunardi VL, Lunardi WDFilho. A humanização hospitalar como expressão da ética. Rev Latino-am Enfermagem 2006 janeiro-fevereiro; 14(1):132-5.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

A HUMANIZAÇÃO EM ATENDIMENTO PEDIÁTRICO - BRINCAR EM ATENDIMENTO PEDIÁTRICO: APLICAÇÕES E PERSPECTIVAS

A influência da humanização em crianças internadas em unidades pediátricas, estabelece correlações entre o comportamento lúdico e a estruturação do ambiente hospitalar. Estudos vem mostrando que o incentivo dessa atividade vem tornando o ambiente hospitalar mais descontraído, assim quebrando aquele clima triste, pois alguns estudos também observam que o psicológico afeta de forma agravante diferentes patologias clinicas.
            Na hospitalização, muitas vezes, a criança convive com o risco de morte e com restrições devido ao seu quadro clínico; no entanto, o sofrimento e as possíveis seqüelas causadas por uma internação podem ser minimizados quando se oferece um ambiente estruturado especificamente para favorecer o desenvolvimento das crianças. Esse tipo de ambiente deve contemplar uma equipe de profissionais especializados e conscientes das necessidades globais destes pequenos pacientes (Mitre & Gomes, 2004; Soares, & Zamberlan, 2003).
Dentro dessa conjuntura, os Doutores da Alegria vem ganhando espaço, uma vez que, mesmo doente, a criança sente necessidade de brincar. É por intermédio dessa ação que ela poderá aproveitar os recursos físicos e emocionais disponíveis naquele contexto específico para elaborar uma nova situação (Mello & cols., 1999). Por meio da brincadeira a criança recria regras, deixa a imaginação e os sentimentos livres, e, como resultado, é capaz de expressar experiências desagradáveis, atingindo um senso de controle sobre os eventos ocorridos e aprimorando sua auto-estima. O lúdico também auxilia na revelação de sentimentos e pensamentos através de comportamentos expressos. Uma criança que é capaz de expressar e interpretar seus sentimentos negativos com sucesso, verbalmente ou não, irá mostrar menor impacto psicológico negativo resultante da doença e da internação (Hart, Mather, Slack & Powell, 1992).
O recurso dessa Terapia no contexto hospitalar vêm mostrar o processo de recuperar a capacidade de adaptação da criança, serve como proteção para uma fragilidade que ela sofre quando se encontra em alguma patologia. Mesmo doente a criança sente vontade de brincar, reduzindo assim a tensão, raiva, frustração e ansiedade.  
O brincar pode servir também como elo entre a criança e os profissionais de saúde, enfocando não apenas a atividade desenvolvida, mas o tipo de relação estabelecida. Lindquist (1993) atenta para a necessidade de uma equipe profissional bem formada, coesa, que compreenda a importância das atividades lúdicas para crianças e adolescentes hospitalizados. Concomitantemente, o lúdico exerce efeitos terapêuticos sobre os pais, pois proporciona uma oportunidade de reorganização e de descanso. Nesse sentido, mesmo que estejam ativamente brincando com seus filhos, eles deslocam por algum tempo o foco do seu pensamento para algo além da doença. Adicionalmente, os pais se sentem confortados quando vêem suas crianças doentes participando de uma brincadeira, esquecendo por um tempo os efeitos negativos gerados pela hospitalização. Além disso, muitos deles gostam de brincar com suas crianças e entendem o brincar como um momento para se divertirem juntos e, o mais importante, para se sentirem um pouco aliviados. Essa outra face do brincar no hospital possibilita uma melhor interação entre pais e filhos diante da situação que estão enfrentando, ajudando-os a lidar melhor com a internação.